Cunhal não foi Carrilo? Estratégia e Táctica do Partido Comunista Português durante a Crise Revolucionária de 1975

Autores/as

  • Raquel Cardeira Varela Universidade Nova de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.3989/hispania.2012.v72.i242.383

Palabras clave:

Partido Comunista Português, Revolução dos Cravos, Partido Comunista Espanhol, Movimentos Sociais

Resumen


[pt] Vários autores têm acentuado a divergência política entre a estratégia do Partido Comunista Português na Revolução dos Cravos em Portugal (1974-75) e a política ‘eurocomunista’ seguida pelo Partido Comunista de Espanha. Este artigo, realizado a partir de fontes primárias nacionais e internacionais, traça a história da política do PCP durante o «Verão Quente » de 1975. Focar-nos-emos na relação histórica do partido com os movimentos sociais, por um lado, e, por outro, na sua relação com o Governo. Finalmente, compara-se a política do PCP liderado por Álvaro Cunhal e a política do PCE dirigido por Santiago Carrillo, acentuando as semelhanças —defesa da coexistência pacífica, acordo com os partidos socialistas ibéricos, influência nos principais sindicatos— e as diferenças, que na nossa óptica se centram sobretudo na defesa de uma ordem capitalista fortemente regulada por parte do PCP, com a concretização de uma reforma agrária e um processo de nacionalizações de um sector importante da economia, por oposição à aceitação dos Pactos da Moncloa por parte do PCE, que assumem uma forma de economia de mercado de cunho mais liberal. Finalmente, a questão do regime (republicano ou monárquico) distingue também a política dos dois partidos.

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Publicado

2012-12-30

Cómo citar

Cardeira Varela, R. (2012). Cunhal não foi Carrilo? Estratégia e Táctica do Partido Comunista Português durante a Crise Revolucionária de 1975. Hispania, 72(242), 669–698. https://doi.org/10.3989/hispania.2012.v72.i242.383

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Sección Monográfica